1 de out. de 2013

Tente se comportar amanhã assim que você acordar



Sempre tive uma dificuldade enorme em conviver comigo. Hoje, não tenho problema, pelo
menos, em falar sobre. Dizem que o doce do outro é mais doce mas a minha goiabada já
nasceu grudada no tacho. Começa com parte da infância onde minha vó me chamava de
Ângela Rorô, porque eu era grossa, sem jeito.







eu, quando criança.


Patinei pela vida bem longe da suavidade mas encontrei um homem que ama do jeito que eu
sou. Mas a aceitação, nossa…A aceitação talvez more ali, em Bento Gonçalves, ou no Amapá,


sempre longe de mim.


É que falo demais. Escrevo demais sempre empurrando goelas abaixo os meus
posicionamentos. Aí a revanche dói na minha retaguarda. E não tenho mais estômago. Tem
uma hora, um momento da sua vida que você cansa de brigar e deve aceitar que as pessoas
não vão gostar de você apenas por você respirar. Li em algum lugar que aceitar essa derrota de popularidade faz parte da humildade.



É difícil. É uma birgorna de 200 kilos na sua cabeça. Mas, é claro, se a sua cabeça for a minha.
Acho que Jesus talvez não seja unânime mas, a Beyoncé por exemplo, todo mundo gosta dela.
Eu queria ser unânime como a Beyonce. Isso é um puta dum posicionamento pernóstico, né?

Parabéns Beyoncé.


sua vaca

14 de jun. de 2013

Sobre protestos: não estou entendendo nada

Os últimos acontecimentos, sobretudo no Rio e em São Paulo, mexeram muito comigo. De modo que estou agora tentando entender, minimamente, o que tem gerado esses protestos que inicialmente seriam apenas contra o aumento da tarifa das passagens de ônibus. Uma coisa eu preciso deixar claro:  tenho aversão aos modismos, ao hype. Tem alguma coisa em mim, que realmente não nasceu para pensar coletivamente, não é intencional, pelo contrário; gostaria de ter o alívio de remar com a maré e estar amparada confortavelmente em uma ideia compartilhada. Mas sempre há algo que me incomoda em uma "voz uníssona". Fico um pouco pasmada "que bobeira, como que ninguém vê isso?"

Durante os últimos 10 anos que morei no Rio de Janeiro fui usuária de ônibus e achava o serviço  ruim e caro. Mas não conhecia coisa melhor e precisava tocar a vida. Às vezes, queria voltar pra casa e tinha que esperar uns três ônibus pra poder entrar em um que desse pelo menos para ficar em pé. A sensação era de frustração mesmo, você se sente mastigado e engolido. Dá vergonha.

esse era o ônibus da minha vida 455 - Méier Copacabana

"por que eu sou tão miserável?"

Ok, sou dramática, mas ficava olhando na cara daquelas pessoas com o rosto totalmente impassível ou resignado talvez. É como se o ônibus fosse um lugar onde as pessoas estivessem para explodir a qualquer momento: pela proximidade obrigatória com estranhos, pelas condições do trânsito e do desconforto de
passar mais de uma hora dentro de um coletivo. Vi várias vezes passageiro discutindo com o motorista ou com o cobrador.Aí eu ficava fazendo as contas mentais do salário do motorista e da pessoa que estava discutindo com ele, - uma estimativa louca, claro - e achava: esses dois juntos não ganham 3 mil reais, como será que ganhando tão pouco eles conseguem viajar, conhecer as coisas, comprar comida fruta e verdura pra família? Aí achava "tá tudo errado" e ficava meio deprimida.





Em alguns momentos desconfio que as pessoas desejam mais parecer do que ser. Como se talvez o mundo fosse um grande complô da falta de autenticidade. Se isso que penso realmente acontece, seria o quê? Pós-modernismo? Sei lá... Então pra entender melhor as coisas fui nas "revolucionárias redes sociais" na maior delas, o Facebook. Mas antes: olha que coisa louca que acabei de pensar, as pessoas estão falando muito do George Orwell, claro, do Animal Farm e um pouco do 1984 devido ao fato de que o Obama lê o que mando no gmail. Já pensou no Facebook como o ~Big Brother~? Tá bom... é puramente simbólico. Mas se o Facebook tem nossos dados e se a partir de agora agimos conforme os compartilhamentos dele, hein hein...? ÉEEE.

estou observando vocês

Estava falando que fui ao Facebook...Ah sim, fui dar uma espiada nas páginas dos movimentos que estão em alta. Eu achei essa página chamada Mobilizados. Inicialmente não deu pra entender muito bem o que defende o Mobilizados, então encontrei esse post e nele diz que o Mobilizados nasceu do...

"Nascemos do nada, na esteira de três projetos FODAS que só temos a agradecer."

São esses movimentos aqui,




Existe Amor em SP: eu li até o final conforme pedem, a descrição do grupo - que fazem questão de deixar claro que não são vinculados do Partido dos Trabalhadores e nem ao Coletivo Fora do Eixo.  As reivindicações são: direito dos camelôs trabalharem, melhores salários para os professores, tarifa de ônibus e a "virada cultural mensal". A explicação contraria a matéria do Estadão, que liga o pessoal do Existe Amor em SP à administração pública municipal. Na matéria do Estadão diz que Rodrigo Savazoni, um dos criadores da Casa de Cultura Digital, é o chefe de gabinete de Juca Ferreira, secretário municipal de Cultura. Na explicação do Existe Amor em SP eles só esclarecem que não tem ligação com o coletivo Fora do Eixo, porém o profissional citado é de outro projeto, o Casa de Cultura Digital. De forma que não entendi se o rapaz era inicialmente do Existe Amor em SP e não é mais, se nunca foi ou se somente se aproximou do movimento durante um breve espaço de tempo.




Ok

Movimento Passe Livre SP: pelo que eu vi é o mais coeso desses movimentos. "toda vez que aumenta a tarifa do ônibus, esta exclusão aumenta também. ao mesmo tempo, é importante enfatizar que, mais que lutar contra o aumento da tarifa, lutamos contra a existência de uma tarifa. o sistema de Transporte precisa ser totalmente reestruturado, de modo que as tarifas não continuem aumentando, excluindo cada vez mais pessoas." Ok. como aconteceria o novo formato do Transporte Público? Seria estatizado? Haveria licitações? Concursos públicos para motoristas? Quem pagaria essa conta? AHÁAAAAAAA. Aí é que pega, eles propõem dentre outras medidas, o aumento do "IPTU para shoppings e bancos". Eu reconheço que São Paulo tem disparidades sociais que fazem as pessoas se sentirem atropeladas como aquele Shopping em Higienópolis esquisito, mas eles rendem dinheiro e geram emprego. No entanto, vejam uma coisa: o trabalhador tem sua passagem paga pelo empregador, o empresário do shopping, de onde "deve ser aumentada a tributação..." Em relação aos estudantes, ah sim, eles sim. Estudei em faculdade particular, que eu pagava. Além da mensalidade tinha que separar o dinheiro do ônibus, o correto era que eu pegasse dois ônibus para ir e dois para voltar, para que fosse no conforto e não precisasse andar tanto. Mas só me dava a esse luxo até a metade do mês. Nos dias seguintes ao dia 15, pegava um ônibus só e andava cerca de um quilômetro pra chegar em casa. Fui assaltada duas vezes, tive que tirar documentos de novo mas é isso aí. É viável abolir a tarifa de ônibus? Eu não acredito nisso e um especialista em administração pública provavelmente também.

Morei em Recife durante 20 anos e lá tem um projeto que sempre achei muito adequado: o Passe Fácil, hoje é chamado de "Vem" mas consiste em um subsídio parcial do município para a passagem dos estudantes: tanto das escolas e universidades públicas quanto para as particulares. Quando
usei em 2001/2002 achava muito bom. No Rio, há o RioCard - um benefício total na tarifa, porém somente para escolas públicas.


ok


Movimento N I N J A  ;  (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). É interessante propor que os jornalistas façam cobertura de forma independente, narrando sem a interferência da política editorial de algum veículo. Mas, na primeira reunião do N.I.N.J.A (aqui) diz o seguinte;  "Semana que vem, terça-feira, dia 11 de junho*, vou ajudar a promover junto com o Fora do Eixo e o Existe Amor em SP"


EEEEEEPAAAA,


Mas se o Não Existe Amor em SP não é ligado ao Fora do Eixo que é ligado ao PT -  fui em um festival organizado por eles no Acre em 2009 - como podem estar juntos em alguns movimentos? Como eu saio na rua do seu lado para manifestar com você e depois não quero que nos liguem um ao outro? Complicado hein... Não me sinto confortável em apoiar .Uma coisa é jornalista trabalhar em secretarias ou no sistema político, outra coisa é ser partidário. Eu nunca achei que fosse a função do jornalista ser partidário. Acho que não cabe à profissão.

Na internet, esses coletivos lideram a movimentação das concentrações e, somente o Movimento Passe Livre SP me pareceu ser objetivo. Tem o meu apoio, por tudo o que já passei com o transporte público. Mas esqueçam, pelo menos não acho viável, a tarifa zero. Vai onerar alguém. Eu mesma tenho uma pequena empresa, pago ISS (o imposto municipal que vocês querem que aumentem apenas para "bancos e shoppings" esquecendo que a economia é uma ~cadeia~) no conglomerado facilitador para pequenas empresas, o Simples.

Ah, eles falaram sobre o IPTU... sorry.


*Amigos, pensem um pouco nos pequenos empresários que vendem para os shoppings. Eles movimentam muito para a economia desse país. A tributação já é pesada demais, confia.



O transporte é ruim? É péssimo. Precisa ser repensado porque a passagem é cara, e os trabalhadores do setor são mal remunerados - o que são esses micro-ônibus em que o motorista além de dirigir tem que fazer a cobrança? O trabalhador CLT, tem sua passagem arcada pelo empregador e, realmente, os mais afetados são os estudantes (tem filho de PM no meio também) que precisam ter uma dedicação ao estudo e arcar com as despesas referentes. Fica muito pesado. Digo por mim e por todo mundo que já desejou enfrentar essa jornada pra sabe-se lá.... chegar em algum lugar: na vida, em um bairro ou em uma cidade dormitório.






4 de abr. de 2013

Como eu vejo a sexualidade alheia




imagem: site dos menes (facebook/sitedosmenes)

Quando criança a palavra "bicha" e "sapatão" eram usadas com frequência. Porém, ao contrário do que se espera, não eram usadas com desdém, era como a ignorância da época chamava os gays, acho que nem se sabia direito que o tal sufixo "ismo" seria ofensivo por remeter à doença. Nunca houve na minha família qualquer tipo de espantamento com a sexualidade das pessoas. Minha mãe sempre disse que a gente seria o que quisesse. Inclusive, quando eu tinha uns 26, 27 anos,  na minha fase mais encalhada, ela vinha querer saber: "tá namorando menina e não quer contar pra mamãe, né?"

Fui uma caminhoneirazinha na infância, não dei certo no balé, usava kichute e era "goleiro" - eu mesma dizia que era "goleirO" -   no recreio. Era meio machinho, gostava de andar sem camisa que nem os meninos e o meu apelido era "vidigal" por que eu brigava muito. Mas tudo isso era extremamente normal, deixavam eu ser o que eu quisesse.  Lembro de uma vez que uma moça amiga da minha mãe fez um bolo de chocolate a pedido meu e, ouvindo conversas, falaram que ela namorava uma mulher. Não teve horror nem nada. A moça namorava uma mulher, tinha um filho, assim era a vida, nenhum espanto. Havia um garçom que me mandava uma geléia de goiaba deliciosa, ele era "bicha" - como diziam - eu gostava dele, pra mim o doce estava acima de ele ser bicha e no meu imaginário de criança quando falavam que duas pessoas do mesmo sexo namoravam imaginava elas se beijando igual imaginava pessoas do sexo diferente se beijando. Era assim na minha cabeça aos 5, 6, 7 e 32 anos.

Não gosto de pessoas estereotipadas. Por exemplo, gente sem personalidade que adquire algum tipo de vestimenta social pronta, seja hetero ou homo, portanto não gosto da menina que acha que tem que jogar duro com homens e não gosto do gay que acha que tem que ser maldoso e manda aquele "tá meu bem" no final de fofocas venenosas. Problema deles se são assim, apenas não me torno íntima se percebo que não há nada além dessa superficialidade. Não gosto de pegação pesada em lugares públicos. Por exemplo: se eu tivesse um restaurante e um casal hétero estivesse se pegando além da conta do carinho e de demonstrações públicas de amor, ia chamar atenção deles, a mesma coisa com gays.

Se tenho medo que minha filha seja gay? Honestamente, tenho medo é que ela se torne uma pessoa ruim, que ela não saiba fazer bolos gostosos ou geleias para as pessoas... enfim que nunca surpreenda ninguém com boas atitudes, esse é o meu medo.Se acho que minha filha poderia ser gay por ver gays se beijando publicamente? Não, tenho medo é que ela tenha um comportamento desrespeitoso publicamente.
Andar de mãos dadas, se beijar, um abraço no meio do shopping eu permito, se começar o "rala rala", vou ficar danada da vida. Vejo isso como um problema meu, acho que a criação que vou dar pra ela é que vai definir se ela vai saber lidar com o amor de forma saudável, seja ele com homens ou com mulheres. Não gosto de pegação em parada gay assim como não gosto de pegação em micareta - aliás não gosto de nada em micareta e nem em festival de indie rock. Sou careta mesmo e o sapinho não quer saber se você beija homens ou mulheres.

Pra mim as pessoas devem poder se casar com quem quiserem desde que sejam adultas. Penso que a sexualidade de crianças não deve ser estimulada de jeito nenhum (por isso eu fico um pouco receosa com aquele projeto do Mec que era voltado para crianças de sete anos, acho cedo) e que todas devem ser tratadas de forma igualitária: meninos que quiserem brincar de boneca que brinquem, meninas que queiram jogar futebol que joguem. Mas tudo com naturalidade, sem convenções. Como mãe e cidadã eu apenas acho que quanto menos frustrações na vida, melhor. Essa é a única causa que ouso defender.


P.s Considero tota essa discussão sobre a sexualidade um grande retrocesso. Não consigo crer que ainda não tenhamos superado isso. Nem evangélicos, nem católicos, nem Estado nem ninguém deve meter o bedelho no sexo alheio. Não tem o que discutir.  

19 de fev. de 2013

Sobre aquele textinho que você compartilhou no Facebook


Estou embevecida com Carmem e quero compartilhar com vocês o meu encantamento. Primeiro: não sabia se Carmem realmente existia, fiz uma busca por ela e a encontrei. Então sim, ela existe, aí explodi de felicidade. Espero que a Carmem venha ao meu aniversário um dia, convidar para o meu aniversário é algo muito importante pra mim.



A Carmem escreveu um texto que muito me tocou. O nome é A arrogância segundo os medíocres. Ela tem muita certeza do seu texto, das suas convicções, tanto que não se intimidou em parafrasear o título do comunistão Saramago neste belíssimo manifesto em defesa do bom gosto. A Carmem é foda, vocês vão ver mais adiante.

Minha - quem sabe eu dou sorte, né - futura amiga começa o texto assim (vou colar aqui para situar vocês); 

“Adorei o seu sapato”, disse uma amiga para mim certa vez.
“Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei super legal também”, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências  quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz “que metida”. Mas para meia-entendedora que sou, o “ah…” que ela respondeu bastou.

Bem, eu sou uma pessoa esfaimada por elogios, entendo a Carmem. Muito chato a amiga em questão não ter perguntado mais sobre a viagem pela Colômbia ou ter, ainda que de forma tácita, recriminado a nossa heroína por ela ter se estendido sobre a origem do sapato ao invés de dizer apenas "obrigada".  A mágoa da Carmem com a amiga se baseia em "reticências quase visíveis" no que talvez possa ser simplesmente coisa da cabeça dela. 

Eu, nos meus devaneios, acho que a Carmem esperava ser censurada por revelar que comprou o sapato em uma ação de compra que envolvia muita personalidade, uma ação muito Carmem (com todas as idiossincrasias da Carmem). Fico pensando - mas ainda bem que isso não aconteceu, porque se com as tais "reticências quase visíveis" ela escreveu um manifesto que rodou o Facebook - o que ela, a Carmem, não faria se a amiga falasse "Aff mas não tinha nada parecido na C&A, não? Precisava ir tão longe?"

Os meteoros russos talvez caíssem por aqui mesmo.

Outra reclamação da nossa amiga é que ela tem que manter os interesses dela  apenas para poucos ilustríssimos-selecionados-ouvintes;

"(...) fazem com que eu mantenha minhas viagens em 13 países, minha fluência em francês e meus conhecimentos sobre temas do meu interesse (linguística, mitologia, gastronomia etc) praticamente para mim mesma e, em doses homeopáticas, comente entre meu restrito círculo familiar e de amigos (aquele que a gente conta nos dedos das mãos)"



Acalme seu coração, Carmem! Se você está sofrendo "retaliação" por ter essa bagagem toda, alguma coisa está errada, vamos tentar entender o que é. Eu penso que o que gostamos, o nosso conhecimento, nossos interesses e até nosso sofrimento pregresso é genuinamente parte do que somos, ele é natural e é recebido de forma também natural pelas pessoas. De forma prática, Carmem, se tudo o que você construiu: as suas viagens, o seu francês etc, intimidam os outros, a sua postura pode sim ser arrogante e isso independe das suas conquistas. Você poderia comprar a sandalinha da Azaléia e ainda assim diria isso de uma forma chata. Pode ser que você também seja chata.


Precisamos ajudar essa moça a flanar como um cisne em todas as camadas sociais, todas as "tribos". Quero compartilhar isso já que ela alegou, nesse mesmo texto, algo que me deixou preocupada, bastante preocupada; 

"Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior." 

Meu Deus, Carmem! Censura intelectual por parte de um bebedor de energético que ouve sertanejo e se acaba numa pizza de estrogonofe? Quando você mencionou isso achei que tinham ressuscitado o Geisel e que o Dops viria aqui em casa confiscar o meu livro preferido de Aldous Huxley que tem a capa vermelha! 

Reduz essa marcha aí, por favor!

Peraí, você está me dizendo que se nivela por baixo quando está em companhia de pessoas que você considera "medíocres"? Ou seja, as pessoas "medíocres" abalam de tal forma a Carmem culta que ela se sente reprimida juntamente com toda a sua cultura e coisa e tal? Realmente é algo muito grave e fico muito chateada em saber que não é possível para as Carmens da vida encontrarem um ponto de interseção que as faça se comunicar com pessoas que não tenham necessariamente muitas coisas em comum. Ainda bem que não é regra.


Não é arrogante, de fato, relatar viagens, presentinhos de lugares exóticos, e todo o misancene (vou aportuguesar ,Carmem, 1000 perdões), falar uma palavra em inglês ou javanês no meio da frase, tudo isso faz parte da história de alguém. O que é autêntico não incomoda. O arrogante talvez seja achar, de antemão, que todos esses elementos supracitados são grande coisa, que a cafonice das pessoas é um entrave ao contato ou mesmo que existe - oh my Lord - uma perseguição e dominação da piriguete de luzes à delicadeza intelectual da Carmem. 


Confesso que achei o texto da Carmem "nouveau hipster". Inventei o termo para os amigos da cultura porém muito mais amigos de praticar esse "conhecimento" com fãs da novela das oito. 

Será que existe habitantes desse planeta que buscam conhecimento para se diferenciar das pessoas? Estar...como se diz "um degrau acima"? O quão equivocada pode ser essa ideia? Por que pessoas como Jorge Amado, o fotógrado Evandro Teixeira e  Antônio Maria circularam em qualquer meio e nunca precisaram escrever um "manifesto ao bom gosto"  como esse da Carmem? 

Por que eu, colecionadora de MP3 de jazz, pesquisadora de gastronomia brasileira, fã de literatura inglesa nunca me senti tão oprimida com o meu conhecimento (miserável conhecimento) como a Carmem se sente? De onde vem essa legião de cafonas opressores que eu nunca vi? 

Cheguei a conclusão de que a autenticidade não irrita ninguém, ela é simples. A autenticidade é barata, nasce com a gente, faz com que nos comuniquemos com as pessoas, nos torna agradáveis ao entendimento mais bruto, nos leva da favela para a Europa e ainda, faz com que sejamos talentosos. Traz naturalidade, faz com que as pessoas fiquem curiosas sobre os lugares por onde andamos e não torçam o nariz em "reticências quase visíveis" para o nosso sapatinho colombiano. 

14 de nov. de 2012

A mãe é quem sabe (um pedido de respeito)

se puderem, assistam esse filme



O Facebook...sempre ele. Lugar de militâncias efêmeras... o que posso dizer do Facebook? (Nada que eu não tenha dito no post anterior). Um lugar onde me disseram, ontem, que eu não tinha "a real noção de ser mãe" porque após 12 horas agonizantes de um trabalho de parto sacrificante decidi e assinei um termo onde permitia que fizessem uma cesariana e acabassem com aquela dor pungente. Sim, eu levaria uma injeção que paralisaria as minhas pernas, cortariam a minha barriga e retirariam o bebê, rápido e indolor, opção minha, de uma mãe chamada subjetivamente de "incauta" por uma mulher com doutorado em ciências sociais e que teve quatro filhos de forma "natural" e em seus peitos as crianças mamaram até um ano. Reproduzo o comentário dessa senhora que para azar ou sorte dela - quem pode dizer se não ela mesma? - pariu seus filhos nos conformes da "ancestralidade" 

Comentário da Senhora Carolina, no Facebook em uma thread em que falávamos de parto e eu defendia o direito da mulher não ser julgada por ter feito uma cirurgia cesárea

" Puxa gente! Adoraria entrar nessa discussão mais tô revendo as minhas video-aulas para o curso de educação para as relações etnico-raciais e tem a tese bla , bla bla, mas olha: eu pari 4 filhos amamentei os 4 até 1 ano e meio e poderia falar com "justa causa", mas a verdade é que o que parecem escolhas são determinações de uma concepção de homem, mundo, sociedade e cultura que inculcam na gente e a gente acha lindo ficar reproduzindo pré-conceitos, bem vamos aos FATOs, o que as pesquisam dizem: uma grande porcentagem de crianças que nascem de césarea tem problema respiratório, a maioria das mulheres não fazem cesárea porque acham que não agradarão os seus parceiros sexualmente pois pensam que ficaram com o canal da vagina maior, (isso é ignorância), a recuperação do parto normal é muito melhor, o leite desce mais rápido, blá blá blá, se é melhor pra mãe e pro filho e a anestesia não tira a dor da contração, porque as mulheres acham lindo fazer mal pra si e para o seu filho? Porque não tem a real noção do que é ser mãe, que a criança não é boneca, vai ser só mais um número para o mercado consumidor de papais e mamães sem consciência que colocar um filho no mundo é ter o seu coração andando por aí fora do seu corpo. Isso não é doutrinação, isso é conhecimento e sabedoria ancestrais."

Carolina, se você quer parir um time de futebol na banheira da sua casa e você curte isso, eu fico honestamente feliz em saber que existe mais um ser humano realizado nesse Brasil, de verdade. 

Geralmente, essas pessoas que pesquisam e que se consideram evoluídas por estarem reproduzindo os métodos da ancestralidade são a favor do aborto, claro. Também sou, mas veja: o que a mulher em sua concepção feminista frisa é "a mulher é dona de seu corpo e por isso tem o direito de escolher se vai ou não conceber uma criança". Ok, mas peraí se a mulher pode escolher entre abortar ou parir por que é criticada na forma que escolhe como parir? Tem algo desconexo aí.

Sabe, se eu pudesse descrever aqui a dor do parto que eu senti durante metade de um dia eu descreveria como: a pior dor de barriga que uma pessoa pode sentir na vida. Ela não dá descanso, vem de 10 em 10 minutos e vai apertando o cerco até que você quer urinar e não consegue, quer beber água e não consegue, as pessoas ficam tentando te acalmar mas elas não estão sentindo aquilo tudo e você fica, eu fiquei, com vontade de dar um soco na cara delas, menos na da minha mãe. Minha mãe escolheu que eu tenha nascido no dia 2 de fevereiro, uma data que adoro, ela marcou e pediu uma anestesia, foi lá no hospital e me teve, se muito me amamentou foi uns três meses, depois me deu banana amassada e eu nunca tive absolutamente nenhuma doença grave nem me sinto menos amada pela minha mãe. 

Segundo a medicina, o tempo mínimo para amamentar um bebê é de seis meses, e sim, é extremamente importante o leite materno para o bebê, não há dúvidas. Mas ó que crime: há mães que não gostam de amamentar e não querem uma criança de um ano nos seus seios. Dá licença? Amamentei seis meses, nunca gostei de amamentar, achava chato, não gosto de expor meu peito em público, mas pela saúde da minha filha e em um dos meus primeiros de muitos sacrifícios maternais, o fiz, com amor evidentemente. 

Não é desconsiderado aqui que para os médicos é mais lucrativo o parto cirúrgico e que isso pode ser levianamente induzido para a mulher. Mas há as escolhas e há quem escolha não sentir contrações, há quem não tolere dor e há quem simplesmente queira optar por uma cesariana  Felizmente, algumas mulheres tem acesso a essa escolha e elas não merecem ser rotuladas de incautas e ter sua maternidade e o amor de mãe postos em cheque por isso. Inclusive eu considero essa manifestação agressiva de opinião extremamente esnobe. Fora que para argumentar sempre tem aquela máxima "mas nos países evoluídos...", sim, estamos em Papua Nova Guiné e aqui dispomos de muitos hospitais para com UTI para bebês, que louco, né?

Se algumas mães - a mulher brasileira em sua maioria- tem que voltar a trabalhar, chegam em casa cansadas e não podem salvar o planeta utilizando fraldas de pano, se não podem optar por frutas e papinhas orgânicas porque essas são bem mais caras, não devem se sentir culpadas porque continuam sendo mães e a sabedoria materna não vem em rótulos e experiências pessoais de doutorandas de ciências sociais, elas surgem nas adversidades e desafios da maternidade. Se os pais querem ir pra Miami comprar o enxoval, se querem comprar um estoque de fraldas da Mônica, se querem fazer todas essas coisas que vão contra a "ancestralidade" dita pela Senhora Carolina, devem ser respeitados. A mim parece injusto que essas pessoas que, em sua concepção estão fazendo o melhor para seus filhos, sejam chamados de ignorantes por quem ainda acha que usar a expressão "pré-conceito" é descobrir a luz elétrica.

Eu vejo o mundo como uma bexiga que de tempos em tempos infla e murcha. Tenho a impressão de que quando não há leis que enquadrem as pessoas, elas tentam se "autoenquadrar" dizendo aos outros como agir e o que é melhor para eles sob diversos pretextos, o mais novo deles é "é porque você não é informado e eu sou". Ora, estamos no Bric, a mesma internet que você partilha eu partilho também, posso pesquisar o que eu quiser, mas jamais dizer, em tempo algum, que o que funcionou para mim é o que vale, que questões que estão literalmente na moda - o tal Zeitgeist -  seja o que funciona para todo mundo, as pessoas seguem os seus caminhos distintos. A maternidade, como as opções que se faz na vida e as ideologias são questões que se desenvolvem de forma extremamente individual, quase íntima... É basicamente uma questão de respeito.
Essa aqui é a vítima do parto cesariano minha filha Valentina, com 12 anos




Update desse post

Após eu ter escrito esse texto, a Senhora Carolina apagou o posicionamento sobre as maneiras de dar a luz do Facebook. O típico. Infelizmente, não fiz print apenas copiei e colei aqui Ipsis Literis. No entanto, o Sr. Abílio, que viria a ser o marido da Senhora Carolina, me enviou essa mensagem por meio do perfil dela. Essa eu printei. Senhor Abílio, já lhe respondi na mensagem que sua esposa em nenhum momento foi ofendida, que a constituição federal permite a liberdade de expressão desde vedado o anonimato. Para que o Sr. fique mais sossegado, apagarei o sobrenome de sua esposa. Fico triste apenas de ver como sua esposa não sustenta o que diz e covardemente apaga suas opiniões. Parabéns é de sociólogos assim que o Brasil precisa.




25 de out. de 2012

Já que você é tão bonzinho...

Bosch  provou que não é de agora que está dando errado


É impossível ser realmente o que se quer demonstrar na rede mundial de computadores. O que se demonstra é o que deseja que os outros pensem que é: altruísta, bem humorado, bem de vida. Mas, sem que os índios nos ouçam: pode ser que a realidade seja o que tem na geladeira, o almoço mal digerido, o IPVA, o emprego. Há alguns anos acordo disposta a mudar: vou falar menos, vou respeitar a ideia das pessoas de que sustentabilidade começa com transformar uma calça jeans numa bolsa ridícula, vou respeitar o direito do outro que, dizem, começa onde o meu termina (bullshit opa opa opa). É uma pena que a minha responsabilidade com o novo conceito de bondade ainda seja capenga. Venho falhando de forma brilhante. Mas me sinto mal, sabem... me sinto uma pessoa que não liga pro sofrimento alheio. O pessoal da internet, aquele bem empenhado, faz a gente se sentir cretino por não estar-totalmente-preocupado-com-a-última-causa-do-momento.


Essa é uma pavorosa bolsa feita de calça jeans. Sempre fica feio. Se quer reciclar uma calça jeans, junte retalhos de várias e faça uma colcha de retalhos jeans (dica rsss)




Inclusive alguém faz a gentileza de me avisar da última causa porque... vai que eu consigo me engajar, né? OPA.

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Não faço ideia de quando começou essa obrigatoriedade por ativismo (não confundir com respeito). Quando alguém escreveu em um muro "de que adianta fazer ioga e não cumprimentar o porteiro" talvez quisesse dizer que: desprezado os eventos cotidianos e a gentileza com as pessoas diárias, o foco é a bondade inatingível, o bem maior, o projeto de um mundo melhor começando por um lugar virtual, evidentemente. Ou seja, "por que vou ceder lugar pra essa obesa suada nesse ônibus se eu preciso escrever um post aqui no meu SMARTPHONE pra marcha-dos-que-não-comem carne-de-porco?"



Veja, o Belchior, ele sabe o que fala. "conheço o meu lugar"



Teoricamente está justificado ser uma pessoa antipática e até pungente na levada diária porque: se é sustentável, orgânico, anda de bicicleta, pensa nos índios, na comunidade despejada etc etc etc. Algo como: "ser engajado me dá alvará pra ser um imbecil". É insensível não pensar nas dores do mundo mas totalmente permitido se privar do problema do próximo porque é uma mazela individual, "pequena" e mundana? Grande questão pós-moderna da rede mundial de computadores. A insegurança está aí para esbofetear a cara de alguém enganado ao acreditar que sempre há algo muito grande nos factoides (essa palavra, data venia*, foi a única que consegui encaixar nessa ideia) e fraudes consumadas posteriormente.


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Só colecionando perdas consegui me aproximar mais da honestidade. Estou satisfeita, sinto os males do mundo, sim, tá tudo errado. Mas para mim é mais confortável ser "bondosa" de forma mais palpável. O que tenho de ruim, vou levando como sempre: remoendo e engolindo. A frustração, a ansiedade, a impaciência são ulcerosas de qualquer forma. Eu aguento. Ou tento.

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Por hora, não enganar a mim e aos outros formando um Lego de aparências que se quebra no primeiro contato já tá bom.


*SEMPRE QUIS ESCREVER DATA VENIA.

28 de mar. de 2012

Refazendo a imagem: Renata Cavas ( aquela da "ética do mercado")

e no meu bloguinho também!!!



Renata Cavas: carioca, cabelos loiros compridos, gordinha de decote, serelepe, simpática e ainda, tentando dar um golpe nas contas da saúde e levar um grande tostão para sua empresa, a Rufolo. Renata apareceu na agora lendária reportagem do Fantástico sobre licitações de carta marcada, um esquema praticamente e, infelizmente, institucionalizado no Rio de Janeiro, na verdade, no pais todo. Mas Renata chamou muita atenção: descolada, grandes bijuterias, muito bem articulada e foi dela a frase que deixou a  matéria
ainda mais inesquecível: segundo Renata, a licitação da maracutaia seria "a ética do mercado". 

 ô

 Renata é culpada? É. Ela sabia que participava de "tretas" e queria tirar o dela. Tudo isso vocês já sabem, mas o Jornal Extra, foi campeão, revirou a vida da gerente da Rufolo, descobriram até o valor da academia em que ela malhava, detalhes de sua vida como o valor do aluguel que ela pagava em um apartamento no abandonado bairro do Rio Comprido, na Zona Norte do Rio. É errado o que o jornal fez? Não, essas informações são públicas. Mas sou contra esse vilipêndio jornalístico e a mania de alguns editores e repórteres se acharem pau a pau com o judiciário. Jornalista tem essa de julgar e condenar ainda que de forma implícita. É um mal da profissão. A mulher já foi mostrada no Fantástico, mas diariamente repórteres do Extra foram até a frente do prédio dela. Renata ganhou matéria de capa no jornal que eu comprei  só por causa dela ou seja, Renata e seu "talento" vendem.






 Estou convencida de que ela nasceu pra brilhar e aqui elaborei um plano de renovação da imagem para que Renata siga sua vida dentro da legalidade depois de ter com a justiça e recomeçar sua vida, de uma forma normal, extremamente normal...



Renata, sei que o momento é delicado e vou te ajudar. Preste atenção nessas dicas para você refazer sua imagem;

1. Fale com a imprensa 
 
Fale com os repórteres que te cercam, Renata. O silêncio, nesse caso, será um agravador do seu crime. Apareça ao lado de seu advogado diga que fala por você e está disposta a se entender com a justiça de cabeça erguida. Use frases como;

"Caí no conto do dinheiro fácil e isso me cegou de tal maneira que não percebi a dimensão do crime que cometi. Peço desculpas a população que depende do serviço público e a todos os brasileiros que se sentiram ofendidos com a minha conduta. Pretendo pagar pelo que eu fiz, mas não posso responder pelos outros."






2. Escreva um livro;

Renata, não conheço livros de golpistas de licitações arrependidos, o seu seria o primeiro. É importante que o livro seja divido em três etapas:

- sua vida- quem você é, de onde veio, sua história.

- como você entrou na empresa fraudulenta e o que sentiu na primeira propina paga a um gestor de compras.( não dê nomes de outros fraudadores)

- como você sentiu quando soube que a licitação que você conseguiu era na verdade uma reportagem que mudaria sua vida, como foram os dias que seguiram após a matéria do Fantastico.

- E, principalmente, que lição você tirou disso tudo.


Sugestões de títulos: "por traz da "ética do mercado", "nem um milhão de ienes pagam o que eu sofri"

2. Mude o visual





A estampas estravagantes, bijuterias, bolsa metalizada, e blusinhas de um ombro só fazem parte da Renata que participava de licitações de carta marcada. Aposte em roupas mais clássicas e tons neutros como cinza, branco, gelo, preto. Blazers e jeans escuros darão a forma a nova Renata. Gosto do seu cabelo, acho que ele deve prevalecer. Continue simpática mas evite o deboche, ele tiraria toda a seriedade que você pretende manter. 

3. Defenda as gordinhas

Está cada dia mais em voga as mulheres viverem de bem com seu corpo, tem até concurso de miss gordinha e etc. Aposte nesse filão, além de criminosas as gordinhas podem ser como você, charmosas. As gordinhas vão olhar com  simpatia pra você e, consequentemente, os admiradores de gordinhas também.







4. Nova carreira

Ofereça o seu testemunho a empresas para palestras, seja uma defensora da ética, (a honesta, por favor) nada melhor do que o depoimento de quem já viveu dias difíceis por se encalacrar com a justiça e ter a vida devastada pela mídia.

E...


BOA SORTE, RENATA!